segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Carta dos Soldados



A Carta dos $oldados


- Atenção, Batalhão!... Sentido!

Atentos e lembrando soldadinhos de chumbo, já sabiam que vinha bomba.

O Comandante prosseguiu:

“Estou trazendo um modelo de carta que vocês deverão assinar”. Silêncio na platéia suada. Gestos autômatos e gelados. Cansados, coordenados e manipulados. ”Leiam a missiva e assinem...Agora!”

TEOR DA MISSIVA

“Estamos todos bem. Felizes. Alegres. Contentes. À salvo e em paz. Alguns de nós não enviaram correspondências por que foram presenteados com uma viagem para Disney. Abraços Saudosos. Beijos. “Os Soldados”


Os soldados entreolharam-se e pensaram. Era tudo. Era só o que poderiam fazer. Era o certo. Amavam sua pátria. Por sorte seriam heróis.

Batalhão! Agora ponham-se em fila e sentem em seus lugares numerados e cumpram a ordem.

- Mas...Senhor?... – falou o soldado valente para o seu Comandante – poderia nos esclarecer o que está acontecendo?
- Sem direito à perguntas, soldado! Assine!!!

O soldado suspirou e uma lágrima rolou em seu rosto erguido, altivo e valente: “E se eu discordar do teor, Senhor!?

- Soldado nº 7! – Gritou o comandante já sem nenhuma paciência – Não é para concordar ou discortar, seu Imbecil! Falei para assinar e não para ler ou pensar! Está desacatando a ordem?
- Não, Senhor... – ergueu mais ainda a cabeça – apenas não estou de acordo com o que está escrito.
- Soldado...Vou lhe dar mais uma chance! Assine logo esta porra!

O soldado olhou ao redor acreditando que alguém estivesse de acordo com ele e que pudesse aliar-se: “Ninguém...”. Todos estavam sentados, terminando suas assinaturas e entregando-as de imediato ao imediato. Olhou de novo para o Comandante que vinha em sua direção com olhos de ódio.

- Já assinou????? – berrou o Comandante.

O soldado deu um suspiro de infelicidade. Não havia nada que pudesse fazer. Se não assinasse não ia ficar vivo para contar estórias. Cedeu.

- Sim, meu Comandante!

- Muito bem! Vocês são os melhores soldados de toda a Pátria!

“Pelotão!... Descansar! Para a Base!... Em fila! É só!”


Rose de Castro
Ghost Writer e Poeta

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